ALTEREGO
A flor também é todo e cada espinho,
O talo longo em direção ao céu,
As folhas verdes e as folhas secas,
O seu perfume de mistério – o véu
Descortinado à beira do caminho.
A flor é a praga grudada na planta,
E toda a seiva que a alimenta,
Ela é a raiz que na terra se deita
Lutando contra quem quase a arranca
E não consegue, mas tenta, e tenta.
A flor é aquela cuja cor é forte,
Mas poucos notam, à beira da estrada...
Que seca, anônima é pisoteada,
Mas se entrega, sem temor à morte
E à sua sorte, ao ser abandonada.
A flor é aquilo que ainda resta,
E ainda pulsa, e ainda sente,
Que parecia ser tão indefesa
Mas que renasce do nada – surpresa!
De uma obscura, ínfima semente.