NÃO ÉS
Tu não és a luz que a janela invade
Mas a sombra profunda
Absorvendo o negro olhar que zomba
Não é folha que ao vento comove
Nem o vento que ruge
E
Assombra
--- "Veja o lodo da pedra parada no regato!"
É você ou seu contentamento??
Homem feito de concreto e cimento és
De nuvem
Algodão
Não importa o que és
Mas sim o que não
A mosca com meia hora de vida
Ou a tartaruga de Galápagos
Não sei
Sei que és lento como bolor que cresce
Alimentando-se e apodrecendo o pão ao mesmo tempo
Então não te dispas do que és
Senão do que já fostes
Com toda tua alma
Toda tua força e beleza rara
Mas em vão!
--- "Vamos, esforça-te!"
E disfarças à toa porque teu receptivo mundo que criastes
Há muito ruiu
Era uma bolha de sabão explodindo ao toque
E só você não viu
Não lamentes o que não foste senão o que poderia ter sido
Nem reclames nas encruzilhadas das escolhas
(Ó mundo sofrido!)
E a vida só escoa pra baixo
Não tendes opções como a água
Explica tua condição e tuas desculpas fajutas
A quem enganas?
A mim não
Não mais...
Eis o convite do não ser
e ser coisa nenhuma sendo tudo
Menos ser alguma coisa de útil.
Minha palavra é o teu açoite,
Escravo do fingimento!
09/07/2022
15:05hrs