Ode à tristeza
Há uma certa beleza elegante na tristeza
que nos conecta a nós mesmos.
Uma beleza discreta e pedagógica,
que nos ensina sobre a felicidade
e o valor dos sorrisos,
sobre o calor dos abraços
e o peso das lágrimas.
Há uma certa sensibilidade na tristeza
que nos traduz as mudas vozes.
Uma sensibilidade solitária
que nos aguça o olhar
para os detalhes que encantam
e abre os pulmões
para o sopro da vida.
Há uma certa liberdade na tristeza
que nos dá um chão para ficar de pé.
Uma liberdade autêntica
que nos permite o choro sincero
e a plenitude do suspiro,
o soluço sufocante
e o desabafo revigorante.
Há mais valor nas lágrimas tristes que nas alegres
afinal como se esbaldar com o doce
sem o amargor da fome?
Como preencher o espírito
sem esvaziar a alma?