DOSE
Mesa de bar, 23 horas e alguns minutos
que insistem em não passar.
Noite fria…
Querido, garçom!
Faz o favor de trazer as lágrimas mais sinceras
que este boteco está a estocar?
Quero transbordar…
O desgosto não permite tal exposição,
tão frágil quanto o colar de pérolas,
que me enforca, mas continua a brilhar…
Há, aqui, bêbados sem rumo,
botequeiros perdidos…
Há corações rachados, partidos no meio,
em busca de alguma razão.
Garçom, (não) me encontro afundada
em melancolia.
Desculpe, sei que bebida não deve ser terapia…
É complicado viver em mente de gente
que não sabe o que sente.
Quero ser como avalanche,
não deixar nada para trás.
Então, garçom, por favor…
Uma dose do choro mais doído, traz-me!