Digníssimos senhores
Neste descampado árido vazio de sentido
Torna-se um empecilho viver
Palavras débeis arranham ouvidos desavisados
E visões rastejantes ferem olhos inocentes
Esculturas banhadas em rachaduras sorriem
Escaladas por vermes enlouquecidos
Monumentos ao conhecimento reluzem
Lambidos por moscas esfomeadas de podridão
Discursos inflamam cegos corações
E guiam passos perdidos até o fim
Numa barreira humana instransponível
Onde cabeças se chocam até rachar
E racham banhadas em ouro
Enquanto são devoradas pela rotina
Passam pelo portal de pilares profundos
E se afogam no negro mar da mesquinhez
São insetos perdidos nas luzes transitórias
De paixões inúteis e amor incompreensível
Atolados em garras de fama ilusórias
Sufocam como o peixe que salta para a morte
Sem saber que existe o infinito lá fora