às claras (após 3 anos de silêncio e medo)

não era paranoia

minha intuição

me aconselhava

o mesmo ciclo

de obsessão

se reiniciava

mudavam os nomes

aqueles monstros

sem escrúpulos

da impunidade

bem conscientes

da indignidade

eis o pretendido

me enlouquecer

e também me isolar

culpas insanas

no peito nutri

quando era inocente

o não

nunca

foi não

de tempos

em tempos

o monstro

se achega

o medo

fez dele

vencedor

me aprisionar

aos mil achismos

do moralismo

a superioridade

envolta de inveja

destruir é o lema

não era paranoia

a intuição alertava

sempre estive certa

o não

nunca

foi não

se não pode ter

eu também não terei

e assim segue o jogo

não tenho dragões

para derrotar o monstro

mas tenho minha voz

o silêncio me sufocou

tentando ser invisível

abandonei meus sonhos

sabe-se lá

se o monstro

não vai voltar

não me parece justo

desistir da batalha

só porque

o não

nunca

foi não

haverá represálias

choro e ranger de dentes

algumas armadilhas

e também a determinação

de quem crê na colheita

e volta ao campo de batalha

não era paranoia

dizia minha intuição

nunca estive tão lúcida

- às claras

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 14/06/2022
Código do texto: T7537952
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