[A barca não é pra mim...] (Dueto)


O que temos, se é que temos?
E o que somos, se é que somos?
O que temos que, deveras, seja “nosso”?

O que somos qu’em verdade nos define “eternamente”?
Estamos em nossas palavras
Ou em nossos atos
E atitudes?

[Não se pode esquecer o dito popular
“De boas intenções o inferno está cheio”

Tudo o que “temos” ou que somos (de bom)...
De “dom” ou “talento”, “Alguém” nos “deu”
Condições de conquistar...
Não caiu do céu...

Mas não é para ficar co'a gente
É para ser dividido, compartilhado, socializado...
Se cairmos na mental cilada de querer tomar posse,
...um'hora será (de nós)... “tirado”

“Ninguém acende a candeia
e a coloca debaixo da mesa, mas no velador,
e assim alumia a todos os que estão na casa.” Jesus (Mateus, 5:15)

“ A luz da virtude
Não deve ser
Oculta...

Mas,
Que se lembre do alerta
“Brilhe a Vossa Luz diante dos homens”( Mt 5:16)

Cheguei-me com tod’energia neste mundo,
(com “luz” pra doar e por puro comodismo, sei lá!)
Passaram-se os anos (sem qu’eu notasse) ... e a “luz” não doei...

No vigor da juventude,
ah, como achamos que seremos “eternos”!
E, deste modo, como nos iludimos tão facilmente!
Não damos valor ao tempo... Cremos tê-lo a nosso dispor

[Ledo engano...

Não se pensa na Barca de Caronte...
Só se pensa na “vida Viver”...
Cheios de “energias”
Pra dar...

Mas,
Quem se dá?
Quem doa a sua Luz?

Qual jovem pensa que um dia irá d’aqui embora
(ainda que se tenha ido a muitos velórios)
Quem já se pensou na barca de Caronte?
(para si próprio)

Mesmo com dois anos
De angustiada pandemia
Quem pensou em doar a sua luz?

Quem se lembrou que uma faísca [de amor]
Pode iluminar?

O padre da paróquia, o pastor de sua igreja, Você...
Quem lembrou?

Quem dentre nós, parou para refletir e agradecer pela Luz da Vida?
Ou nos enganamos em acreditar que este corpo é nosso?
E que sendo um “escolhido”, nada nos acontecerá?

Quantos de nós, acredita”, piamente...
... que tudo o mais aqui (que temos “neste prazo”)
é para sempre nosso, e nada ou mesmo ninguém nos tirará?

Quantos de nós, infectados pelo egoísmo,
tapamos olhos e ouvidos de noss’almas,
pois, não queremos dividir ... nada
com ninguém...
[E, os outros que se danem!

Os “outros”?
Quem são os outros?
Meus próximos? Te conheço?

Os “Sem-Sem”? Isso existe?
Ah, não há miseráveis...
Eu não os vejo...

Fome?
É invenção
(da mídia) ...

[A imprensa é tendenciosa...

Pandemia? Imagina!
Quem vive o “novo normal”?
Tá tudo liberado... Máscara pra quê?
E, a barca de Caronte...
É coisa da mitologia...
Não é pra mim!

Ironias à parte...
Muitas vezes somos cegos
Conduzindo cegos...

Cegos totais
Para o sentido da vida...
Cegos, para a luz do amor ...

Cegos que ainda não compreendem perfeitamente as palavras do Mestre:
“A todo aquele que tem, será dado, mas àquele que não tem,
até mesmo o que tem lhe será tirado” (Lc 19,11-28)

A cegueira causada pelo egoísmo
Cobra juros exorbitantes
E só sairemos “daqui”
[Quando quitarmos as contas...

Enquanto as contas não fecharem
Teremos que recorrer
A Carontes...

E de nada
nos adiantará dizer:
A barca não é pra mim...







Juli Lima e Cássio Palhares




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Hallelujah - Raimy Salazar - Panflute (ouça)












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