Miudezas

Sou o farelo da bolacha que despenca de um lábio voraz

A poeira, que em sua preguiça pega carona no vento e cochila nos pisos dos lares

Sou os pontinhos miúdos estelares que cansados ainda reluzem

Ah, como tenho dó deles!

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Sou os luminosos pontos dos vagalumes que vagam em luzes dançantes sem destino até apagarem-se

A chama duma vela que baila com os sopros até apagar-se

As faíscas crepitantes duma fogueira fulgurosa que dorme de conchinha com a noite até apagar-se... .

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Sou coisa microscópica com síndrome de superioridade

Um pó esquecido na prateleira, uma sujeira que esqueceram de limpar, uma teia de aranha escondida com uma mosca para o jantar, uma folha seca duma planta que quis aprender a voar e tombou como Ícaro, um caminho fino de formigas velozes num tráfego perfeito, um pêlo suicida saltando de um arranha-céu capilar, um esporo, um micróbio, uma célula, um átomo, um elétron, a partícula mais miúda ainda desconhecida...

Reconheço minha pequenez, pois os gigantes só enxergam o que os olhos vêem

Já os pequenos, ah, os pequenos, estes sonham alto!