TUDO QUE SOMOS É TUDO QUE SOU

Entre as ondas deste mar,

O barco negreiro vem tentando passar,

A carta de liberdade era só um papel,

E o preconceito “velado” está escondido sob um fino véu,

Olhares e mais olhares que dizem tudo sem a boca precisar mexer,

“Sutilezas” que rasgam a alegria até de quem na teoria não tem motivos para temer,

Corpos compostos dos mesmos elementos,

E no fim, todos esses corpos serão consumidos pelo tempo,

Mas no leme, alguém se elegeu rei, mesmo seguindo na contramão,

E o barco negreiro segue cada vez mais distante da dignidade, da humanidade, do que realmente é ser bom,

Em meio a isso o som ou o silêncio do terror, proferido por aquele que do leme se apossou,

E o navio negreiro hoje se misturou, açoita negros, gays, índios, tudo que somos, tudo que sou,

Açoita a humanidade, atrai o caos em nome de crenças que isso nunca pregou,

Eu canto para que as cinzas da esperança possam queimar,

Queimar o preconceito e o medo de livre andar,

Para que sejamos distanciados dessa arrogância,

Deste câncer que assola a sociedade em todas as instancias,

E vivamos para o bem que fomos feitos,

Para que vivamos para nos amar,

Sem distinção de qualquer origem,

Afinal, no fim, iremos para o mesmo lugar.