Somos o que somos!
Muitas vezes lamento as palavras não ditas,
outras vezes esse silêncio profundo disseminando.
Mesmo assim solto minhas fantasias, meus desejos.
Somos donos das nossas escolhas, nossos destinos.
Não somos inocentes, não somos vítimas, somos!
A ambiguidade nos dilacera, também nos alimenta.
Somos humanos e frágeis, essa é nossa condição.
Perdemos nossa capacidade de sonhar nossos sonhos.
Só posses materiais, posses de pessoas, nos movem!
Incansavelmente reluto entre angústias, nessa vida.
Somos doentes nesse império de hipocrisias e aparências
Nessa precariedade de laços amorosos de sentido, vivemos!
Sofremos com nossas perdas, nossos desamores, nossas ilusões.
Necessito abrigar meus dias de enlevo, de ternura, de escolhas.
Quero mais afeto, uma casa simples, um abrigo, mas emoções.
Minha essência tem obstáculos intransponíveis, indecifráveis.
Não quero carregar pessoas inúteis nessa vida que me resta.
Todo amor exige paciência, zelo, tolerância entre desamparos.
Não quero me afogar na primeira onda dessa idade que avança.
Nessa idade de rugas, desalentos, desconfianças, não me entrego.
Quero apreciar a luz da manhã, o aroma da comida, outros amores.
Somos dominados por inquietações, por esse tempo inexorável.
Também somos nossas escolhas, não somos restos e destroços.
Sei que a felicidade exige paciência. É a vida de cada um em construção.
Por isso sigo entre crepúsculos e vagas lembranças, nessas tréguas...