[Estou “morrendo”?] (Dueto)
Todos,
Estamos
“morrendo”...
Penso na canção de São Francisco
“...e é morrendo que se vive
para a vida eterna. “
[Morrendo...
Se vive...
Contemplo o Cristo Redentor coberto de neblinas
Quase a totalmente ocultá-lo
E se meus olhos não o vissem acreditaria [eu] que não mais
... alí estaria?
Os olhos não conseguem tudo enxergar
E como eles s’enganam com as “ideias da vida”!
E, da me forma se iludem
Com as ideias da morte...
(se nega o óbvio)
Por que não quero ir embora d’aqui?
E nest’hora estou a lembrar d’um verso de Neruda,
... no que ele indagava:
“Qué significa persistir en el callejón de la muerte?”
“Que significa persistir no beco da morte”?
Diante d’uma situação de desesperança
Onde o que mais se tem é a esperança
Por que num “beco sem saída”
Saídas há...
(se sai por onde se entrou)
Viver é morrer
Poque não se vive
Sem morrer...
Morre-se
A cada segundo
Que se vive...
“Morte”
É metamorfose
Mudança, transformação...
E quem pode me convencer de “lá” é o melhor lugar?
“Melhor lugar” é onde o nosso coração está...
Aqui ou lá... É o coração que determina...
A morte
A tão temida... morte
Qual a melhor apreensão que alguém tem dela?
Qual o seu conteúdo a estar na cabeça de todos?
[Há culturas que já não a temem
E até festejam...
A terão compreendido?
A morte!
Se é uma coisa cuja representação intelectual fica às escuras
... chama-se “morte”
Não tanto pelo que dela se desconhece, mas, sobretudo, pelo seu
... caráter abstrato (ainda que a morte seja a única certeza que temos)
Vivo,
Morrendo...
É um estado de ser...
O que é melhor para poder viver [aqui]:
Aceitar a morte...
ou negá-la?
[VIVER!
Não há outra opção...
O que é melhor para poder viver [aqui]?
Simplesmente, VIVER em plenitude, se permitir VIVER!
[Diante do fim
Há recomeços...
Nos velórios o que mais s’escuta
É aquela conhecida expressão:
“Meus sentimentos!”
Meus sentimentos?
Ah! Se o defunto pudesse ouvir eu até acho que
... ele é quem diria a todos:
“Meus sentimentos para vocês que ainda vão estar por aqui!”
Vida-Morte
Faces da moeda
Existência...
Tanto da morte quanto de tudo o que desconhecido for da vida
... não temos nada definido
E o que temos são [somente] ideias
Isso mesmo: não temos compreensão nem da morte... nem da vida
[Cogitamos
Refletivos
“Aceitamos”...
Há outra opção?
É aceitar... e ACEITAR
Ninguém fica pra semente...
Por que a morte não é [por ninguém] “admirada”?
Na verdade, até hoje ficamos surpresos quando algum conhecido morre
Como, sei lá, a se crer que ele jamais morreria!?
E assim preferimos fugir desta imagem (que dela – da morte –temos)
... visto que achamos que ela nos paralisa (ainda que seja verdade)
E nos enchemos de mil preocupações
e entretenimentos...
(fuga inconsciente)
E diante de seu nome há até quem se tomado por uma ansiedade
... sinta no corpo diversos sinais: taquicardia, sudorese, tremores...
(sinais somáticos nascidos pelo medo)
E até se pode morrer...
E, o que adiantará
O medo?
O medo da morte!
Seria inconsciente [para todos]?
Seria sensato em assim diante dela ficarmos (com medo)?
Ou o medo seria mesmo...
“imaginário”?
A lógica da morte ao que nem sabemos se seria “metafísica”
Todavia, seria a angústia do ser (dentro d’um contexto existencialista)
Onde o ser retornaria... ao “nada”?!
Ou será que tal medo provém da voz do “superego”
... em função de nossas “culpas”?
Meu corpo um dia “morrerá”, isto eu sei
Morrerá também a vergonha de não ter vivido com sabedoria?
Decerto que não! Filhos pródigos que somos , teremos nova chance de morrer...
Estou morrendo...
Cada dia, morro
E vivo...
As pessoas não morrem só quando deixam de respirar
... ou seus corações deixam de bater
Morrem previamente
Quando deixam de serem...
Humanas...
Morrem quando deixam de sonhar...
Morrem quando se calam diante de uma injustiça...
Morrem quando acolhem a desesperança...
Morrem quando se entopem de futilidades...
Morrem quando banalizam a Vida...
Morrem quando se negam a felicidade...
Morrem quando conscientemente desistem de viver...
E, sobretudo, quando não mais... amam
Sem misticismos, ritos ou rituais...
Estou morrendo?
Juli Lima e Cássio Palhares
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Sergey Grischuk (ouça)
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