Tempo, tempo!
Quero desatar amarras nessa vida,
esquecer minhas desilusões e rancores.
Construir novo mundo, sem conflitos,
sem sombras, despir-me desse tédio.
Lentamente cruzar essa linha tênue,
deixando esse leito miserável e frio.
Libertar-me das armadilhas dessa vida,
esse umbral de incertezas, desgarrar-me.
Soberbamente afagar minhas esperanças.
Sem as indiferenças de outrora, navegar.
Quero escrutar-me! Desabrochar minha vida!
Impossível prosseguir sem ressentimentos.
Suavemente inquirir-me, nesses passos trôpegos.
Recompor minhas dúvidas passivamente.
Ruminar todas as lembranças, esquecer, resignar-me.
Quero sentir o coração pulsar. Amar outra vez?
Basta desse tempo de abalos, de amarguras.
Chega dessa escuridão, desses sonhos corrosivos.
Quero novos olhares, sem angústias, nessa tarde.
Novos dias, renascendo sem inquietações e abismos.