SER poesia
Eu colho as palavras como quem olhe olhares vizinhos
desconhecidos e desejáveis
no pé de árvore da carência
lá no topo das montanhas das faltas,
há de quem diga que não caminhou perto dos vales dessa
solidão carente,
e que não sentiu em seus pés o gelado dos rios do medo
correnteza braba
é belo de ver
parece até poesia
poesia que escorre dos olhos
e pinga na folha branca
rasgando as palavras