A Ressurreição dos Múltiplos Edjares.
Em 1983, em uma manhã na cidade de Petrópolis ao término das aulas na faculdade de Teologia dos padres Franciscanos, caminhava em direção ao seminário São Vicente.
Passei de frente o palácio cristal solitariamente pelas ruas contemplando o encantamento da cidade.
Bela cidade de Petrópolis, tinha que ir sempre as tardes para o Rio Janeiro terminar as disciplinas de Psicologia.
Aquela manhã estava fria e um russo terrível não via quase nada, comecei imaginar a cidade de Itapagipe Serra da Moeda onde nasci e a fazenda Douradinho onde vivi.
Recordando quando a minha mãe me via corria para me abraçar e chamava de filho querido.
Então imaginei Edjar não existe mais, ele morreu, não ressuscitou, entretanto, nasceram tantos outros Edjares, também morreram, o último deles está aqui, mimetizando novos renascimentos.
A minha vida foi uma constante morte, metáforas não hiléticas, entretanto, sempre compreendi os mecanismos ressurrecionais epistêmicos.
Com efeito, pensei em minha querida mãe, Edjar não existe, ele acabou, transformou-se em metafísica química.
No infinito estão os sinais das vossas recordações, o azul das almas dos edjares, o manto da suavidade dos nossos sonhos.
Todavia, existe a ficção da sombra do seu filho amado, naturalmente que o corpo é o mesmo, entretanto, o espírito desapareceu.
Todavia, foram tantos edjares todos sumiram, a imagem imaginativa de um deles está por aqui, contemplando essa bela cidade, procurando entender hermeneuticamente as páginas da bíblia.
Porém, a vossa genética está presa ao que restou da substanciadade dos edjares aos que morreram, o desejo ser culto.
A imagem do rosto apenas ficção, a sombra a vontade deste relato incompreensível, até que um dia não existirão as ilusões.
O que posso dizer a vossa pessoa, eu não sou, nunca serei, nem mesmo a representação das ideologias sobrepostas ao canto de um olhar sussurrado a musicalidade do vosso desejo ao delírio da vontade de viver.
Deste modo, o sonho da imaginação, os cantos foram tão somente metamorfoses.
Edjar Dias de Vasconcelos.