SILÊNCIO
No lugar da fala o silêncio se expande de olhos fechados e ouvidos abertos.
E aprende o que precisa e aprende onde pisa.
De volta pra casa, ecoam no silêncio palavras que voam e outras que se
guardam dentro da caixa, para o sono das memórias.
Ainda na aurora o silêncio acorda e novamente escuta a voz do mundo,
que ressoa na queda d’água sobre a pedra; no coaxar dos sapos; na canção
das abelhas; na jornada produtiva das formigas; na marcha inevitável sobre o
concreto.
Até que o silêncio perscruta e ouve sua voz.
E a sabedoria adensa dentro do seu próprio silêncio e navega nas águas
do rio da vida e viaja em busca dos significados, fustigando os sentidos.
E as respostas mais complexas, quiçá, não tirarão o véu das perguntas mais
elementares.
E quanto mais o silêncio distribui, mais a sabedoria flui, e deita sobre o âmago
da vida seu sossego e sussurra em seu ouvido suas incertezas.
O silêncio grita no imaginário popular como um pêndulo que oscila no ar e
sente, enquanto durmo árvore e acordas semente.