Làpis
Lápis da infância, escreve-me em linhas tortas,
E brinca com meu boneco de palito.
Traz de volta a sensação do dedo manchado
Pela borracha que não apaga caneta.
Faz de mim menina no esconderijo de suas linhas,
No caderno amassado e cheio de figurinhas.
Escreve minha história de novo, do começo,
E, quando chegar ao meio, não se esquece
De apagar com a velha borracha as lágrimas
Que o tempo fez brotar no rosto magro e vermelho.
Faz com que as gotas se transformem em raios de sol,
E queime cada parte da minha alma com alegria
De estar de volta no meio do começo, para continuar.
Mas também peço para que não se esqueça
De anotar, no cantinho do meu livro, seu nome
Em letra maiúscula, para eu sempre lembrar
Que quem escreve a história também pode mudar.