Dois homens

O homem velho

E o velho homem

Tinham consigo suas dores

O primeiro a levava nos ombros

E o outro a possuia no coração

O homem velho

E o velho homem

Tinham suas mãos marcadas

O primeiro pela lida no tempo

O último pelos tempos da lida

O homem velho

E o velho homem

Tinham seus pés rachados

O último pelas veredas secas

E o primeiro nos caminhos árduos

O homem velho

E o velho homem

Um era pai e o outro filho

Andavam juntos ombro a ombro

Eles se consolavam

Debaixo da chuva fina

Que caia vívida, linda e fria

Dançava a chuva bem devagar

Como marionetes num palco largo

Numa apresentação sem público

Era tudo triste não era espetáculo

O homem velho

E o velho homem

O primeiro deu adeus ao neto

O segundo chorava o filho

Hugo Deff
Enviado por Hugo Deff em 09/05/2022
Reeditado em 11/05/2022
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