Dois homens
O homem velho
E o velho homem
Tinham consigo suas dores
O primeiro a levava nos ombros
E o outro a possuia no coração
O homem velho
E o velho homem
Tinham suas mãos marcadas
O primeiro pela lida no tempo
O último pelos tempos da lida
O homem velho
E o velho homem
Tinham seus pés rachados
O último pelas veredas secas
E o primeiro nos caminhos árduos
O homem velho
E o velho homem
Um era pai e o outro filho
Andavam juntos ombro a ombro
Eles se consolavam
Debaixo da chuva fina
Que caia vívida, linda e fria
Dançava a chuva bem devagar
Como marionetes num palco largo
Numa apresentação sem público
Era tudo triste não era espetáculo
O homem velho
E o velho homem
O primeiro deu adeus ao neto
O segundo chorava o filho