Nessa casa
Esse farfalhar das folhas, nesse vento incessante,
nessa noite escura, enfeitiçada, nessa contemplação,
na varanda dessa casa destituída de afeto, nesses desencontros,
entre medos, ressentimentos, nessa vida torpe, me encontro!
Resta-me transformar dores em esperanças!
Reinventar amores, reparar meus erros, entre recordações,
nessa varanda dessa casa efêmera, dessa vida insípida,
singularmente impulsionar meus sentidos, nessa irônica vida.
Reinventar palavras entre ilusões quebradas, nessa noite plena,
cindidas pelo tempo que passou, com esses olhos precários,
reconfortando essa solidão, nesse calor morno, em resignação,
arrebatando leves suspiros nas recordações, entre penumbras.
Foram-se os tempos dos descuidos, da juventude incendiária,
das paixões avassaladoras ficaram essa abstrata plangência,
entre perdas, ironias profundas, nessa embriaguez de meus desejos.
Inevitáveis descaminhos ao passar dos anos entre espantos.
Buscar, entre dúvidas, novos horizontes, novos desamores,
afogar-me nesse labirinto de incertezas, nessa idade de angústias.
Dilacerado, navegar novos mares, novos tempos, entre feridas,
reinventar meus sentimentos, desprovido daqueles desejos intensos.
Insanos momentos não florescem, incuravelmente perdidos, nessa noite.
Esse relógio ocupa essa noite toda, entre recordações e saudades vagas,
nitidamente transbordante nesses devaneios, nessas lembranças.
Essencial é reinventar-me nesse exílio de palavras e sentimentos.
O tempo passou por aqui ecoando silêncio nesses jardins,
esvaindo meus dias de velhice e ilusões quebradas, entre insônias,
passou imprudente minha ilusória vida entre recordações.
Noites enormes é o que ficou, nessas profundas inquietações.