O Cético
Eu não aceito a primeira palavra floreada e proferida.
Eu não dobro a língua perante qualquer ideia publicamente aclamada.
Eu não cruzo os braços ao encontrar um monumento ou belo palácio.
É preciso muito mais para me conquistar e vencer as ácidas intenções.
É sempre difícil remodelar quem eu sou,
O que penso ou o que estou querendo afirmar.
Eu não me entrego aos primeiros ventos de novos ares ou sensações,
Pois meu lar está firmado na areia do contínuo questionar.
Para quem nasceu das entranhas desta terra,
Das condições empíricas da matéria biológica,
Limitado pelo húmus da morte
E pelas regras impostas na natureza,
Às lidas com a mística dos seres humanos
Deve ser sustentada no olhar honesto,
Sem o veneno tentador das afirmativas
Com ausência de provas, sem fundamento.
Eu busco a descoberta do mundo em sua crueza,
Como ele de fato é - sem subjetivismos imaginários.
Tatear a realidade em todas as suas propriedades,
Ir à procura de uma verdade perdida na imensidão do cosmos.