Crime, Culpa e Remissão
Dói na cabeça a lembrança da fria machadada
Desferida no dorso de meus problemas.
Não era comum, mas me sentia um Napoleão,
Um homem extraordinário que imaginava está acima do bem e do mal.
E mesmo com a capa da culpa sobre a consciência,
Martelando os neurônios com a gravidade do crime,
Trilhei dias margeados em espúrias ações,
Onde cabiam largos prazeres, mas num poço de imoralidades.
No ego, o desejo de um mundo em pútridas sensações,
Que era delicioso, mas com teias que brotavam chorumes de contradições no dia a dia.
Com o tempo, o fruto do crime, a tentadora maçã de Adão e Eva
Já não parecia tão suculenta. E seus restos mostravam apenas devassidão.
A tensão da consciência, o interrogatório de um estranho juiz
Fizeram acolher as consequências dos erros
E reacertar comigo e as pessoas ao redor... Importante relembrar
Minhas misérias e os torpes caminhos como via de catarse moral.
Hoje arrependo-me pelo excesso de desejos,
Redimo-me pela atuação malograda no crime (aparentemente) perfeito.
Atenho-me aos que tenho sincera estima e navego no mar das ideias limpas.
Resolvo-me perante o ecoar irreversível do tribunal e cela que pairam na consciência.