Por que hei eu de andar em linha reta?
E se eu decidisse que o bom mesmo é ter graça,
que o bom mesmo é ser engraçado?
e se eu me decidisse pela graça tão somente,
que a graça é só rir-me e rirmos e sermos engraçados?
e seu decidisse que não sou nem existo sem graça?
que é mesmo engraçado ser e reconhecer-se,
construir e desconsertar-se.
contudo, e se eu me decidisse por sonhar-me?
clichês e clássicos, antigos e tradicionais.
eu sou careta, de quando amar era a ordem.
e seu eu decidisse que bela é a bagunça,
que verdadeiro é o erro,
que sagrado é tropeçar?
e se eu dissesse que é bonito ser feio
que certo é mesmo ser torto.
olha e atenta pra ordem que há,
pra que deveria haver,
por que hei eu de andar em linha reta?
é costume meu, amar o estranho,
ser estranha com amor,
é costume meu ser do contra.