Eles e Eu
Não me conte mais nas histórias de antes
Não quero mais ouvir de mim
No álbum de fotografias de meus pais
Não me conte mais como cárcere
Nas grades das suas prisões
Não me reporte mais como
Conclusões dos seus pensamentos
E nem me cante mais
Nas canções que me são preferidas,
Nem nas notas das músicas mais belas
Ou mais profanas, ou mais parecidas comigo
E muito menos me explique mais
Nas citações dos autores que mais adoro
E nem me compartilhe a figura
Em imagem alguma por outro pintada
Tenho direito de saber-me
Tenho o direito. O direito de saber-me.
Então não me fale de mim
Nas suas palavras, não me cante
Nos seus cantos, não me destoa
Na sua apatia, e nem me conforme
Em seu sono, nem me aconchegue
Em seu casulo
Não me conte como personagem
Aterrorizado nos seus medos
E nem me conte como alegria
Nas suas futilidades
Não me faça ver-me nas cores
Das suas roupas e nem me
Faça envergonhar-me na sua moral
Eu tenho o direito de saber-me e ser
Não me conceda nas suas leis
Não me proíba nos seus desejos
E nem desenhe meu mundo como belo
No seu olhar
E nem destrua meu mundo como podre
No seu pesar
Não me conte como antiga no seu passado
E nem como promessa no seu futuro
E nem me dê de presente no seu momento
Não me conte em nada bom
E em nada ruim
Desde que não parta de mim, não seja em mim,
Não se volte a mim, não comece e termine em mim
Eu tenho o direito de saber-me.