me apontar esse dedo
E que direito tenho eu
de me julgar assim,
tão de cima?
que direito eu posso
guardar sobre mim,
assim tão austera
se é tão isso o que
me consome...
minha falta de
austeridade.
que direito tenho eu
de me apontar esse dedo,
de me sublinhar os defeitos,
de me calcular os danos,
de me desenhar em rascunho.
que direito tenho sobre mim
de ditar-me a imperfeição
se da imperfeição me faço
e me aperfeiçoo?
como assim, isso de me
exigir falas dos deuses,
de me articular só de pensares
sublimes, só de causas extremas.
deixe que os pais, e os deuses,
deixa que o alto se mostre de cima,
deixe lembrar que eu sou
daqui de baixo, tentando subir.
que direito tenho eu de conhecer-me
em capacidade só latente
e desconhecer-me em condição
presente?