Caí numa tal de não me pensar

Da culpa, da vergonha,

não sei o que foi feito.

só que sempre me soube

delas feita,

mas agora refeita,

as procuro,

até com certa

culpa e vergonha,

por não senti-las.

do que sou feita agora,

que perdi a culpa,

que perdi a vergonha?

e olho agora pro sentir

e ele é solto em si,

descadeiado de mim.

caí numa tal de não

me pensar,

onde se faz agora a rede

de me emaranhar,

que não aqui no meu calcular?

não sei, dessas teias não sei.

nem diabinho nem mais anjinho

tem a me circundar a cabeça,

calou-se de vez um ou o outro,

ou juntos viraram-se a brincar?

eu não sei,

o que foi feito da

culpa e da vergonha,

eu não sei

o que é me ver

sem me chorar.

não sei quem é essa a rir de si.