Era das Feras

Num mundo descendo a ladeira...

Muita gente pegando rabeira

Nas orações sem ações

Nas teorias das conspirações.

Outros endoidando

Nas profecias

Nas mentiras que contagiam

Que criam e recriam

Que pairam e piram.

Alguns outros, mais loucos...

Aguardam o Gran momento

Da hora do arrebatamento

Inertes

Na tormenta do tempo

Sem tempo.

Mais um tanto, noutro canto...

Buscam no oculto um encanto

Pra sobreviver mais um tanto

No alastre do desencanto.

Tantos mais, e por aí vai

Esperam uma nave chegar

Dos céus

Na Terra pousar

E seu evento soprar...

Talvez sopre esperança

Talvez uma aliança

Ou então, nem sopre nada

No fundo oco deste abismo

Escuro e grosso de egoísmo.

Nem uma estrela!

Nem uma luz na ribanceira.

Talvez mesmo, nem desça!

Chegando, volte.

Desapareça...

Fugindo da massa endoidada

Do estouro da louca

Boiada

Da inconsciência armada

De tacapes

De egos

De martelos

De pregos.

Da mira da ira

Traíra

Que gira

Grita e atira...

Das maldades

Da Insanidade

Das barbáries

Das barbaridades...

Dos enfurecidos

Dos entorpecidos

Dos enlouquecidos

Dos involuidos...

Das Quimeras

Das guerras

Do fel desta terra

Da Era das feras.

Lucília Reale
Enviado por Lucília Reale em 18/04/2022
Código do texto: T7497365
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