Era das Feras
Num mundo descendo a ladeira...
Muita gente pegando rabeira
Nas orações sem ações
Nas teorias das conspirações.
Outros endoidando
Nas profecias
Nas mentiras que contagiam
Que criam e recriam
Que pairam e piram.
Alguns outros, mais loucos...
Aguardam o Gran momento
Da hora do arrebatamento
Inertes
Na tormenta do tempo
Sem tempo.
Mais um tanto, noutro canto...
Buscam no oculto um encanto
Pra sobreviver mais um tanto
No alastre do desencanto.
Tantos mais, e por aí vai
Esperam uma nave chegar
Dos céus
Na Terra pousar
E seu evento soprar...
Talvez sopre esperança
Talvez uma aliança
Ou então, nem sopre nada
No fundo oco deste abismo
Escuro e grosso de egoísmo.
Nem uma estrela!
Nem uma luz na ribanceira.
Talvez mesmo, nem desça!
Chegando, volte.
Desapareça...
Fugindo da massa endoidada
Do estouro da louca
Boiada
Da inconsciência armada
De tacapes
De egos
De martelos
De pregos.
Da mira da ira
Traíra
Que gira
Grita e atira...
Das maldades
Da Insanidade
Das barbáries
Das barbaridades...
Dos enfurecidos
Dos entorpecidos
Dos enlouquecidos
Dos involuidos...
Das Quimeras
Das guerras
Do fel desta terra
Da Era das feras.