O beijo de Judas
Um beijo, um só beijo e nada mais,
que jaz embalsamado na memória,
selou uma versão da longa história
contada todos dias nos missais.
Um beijo que morreu e hoje jaz
na boca sequiosa do pecado,
qual um velho batom impregnado,
que se desgasta e nunca se desfaz.
Um beijo, um só beijo, quem diria
pudesse impor a grã filosofia
que grassa, mundo afora, desde então.
Um beijo, previamente anunciado,
que impôs à cruz e à forca um legado,
e chora, há dois mil anos, por perdão.