Tempo inflexível
Trago essas marcas do tempo!
Tantos vazios a me consumir,
tantos medos e dissabores nessa alcova,
se alastrando pelas noites de insônias.
Trago muitos arrependimentos e amarguras
assolando meus dias de tristezas e lembranças
arrebatando meus suspiros e devaneios.
Ah! Aqueles tempos já não voltarão...
Passou por aqui muitos amores, muitas amantes.
Passou por aqui esse tempo, corroendo-me.
Só cansaço e passageiras centelhas de carícias,
só folhas caídas desse outono da minha vida.
Agora essa contemplação, esse inverno!
Frias noites, coração errante nesses tempos.
Chamas que se apagam, calor que se esvai...
Cicatrizes disseminam entre desordem.
Ficou tarde para mim!
Ficou tarde para gozos, para sonhos, para ofertas.
Vivo das recordações, das marcas, nessa miragem,
nesse tempo se esvaindo, nesse silêncio, entre sombras.
Trago essas marcas dos tempos vividos.
Tantos amores, tantos sonhos se perdendo.
Teimosamente essas lembranças repentinas,
daquelas primaveras de incêndios na minha cama.
Esse tempo inflexível, esse tempo incontrolável.
Tempo me consumindo nessas tristezas, nessas torturas,
entre reflexões nessa tarde nebulosa desse caminho.
Ah, Esse tempo empalidecendo-me nesse exílio, nesse espanto!