El-qanna
Os justos me conhecem e me escutam
Os falsos, ouvem meu silêncio
E deslumbram-se em seus delírios
Pois não conseguem conceber que eu os neguei
Eu não exumei cadáveres e compartilhei
Sua carne dissolvida com mercadores variados
Eu não deturpei cada vão acontecimento
E não espalhei pânico e apontei pandemônios
O noivo se apresenta, cobiça
Todos o conhecem, todos o querem
Moedas, invenções, fantasias, assombrações
A carapuça que veste caputs minguados
Cortem-lhe a cabeça, despoluam o corpo
Preserve o que tiveres que preservar
A infecção generalizada afeta a locomoção
Teu equilíbrio irrompe-se, os avisos estão claros
A promessa aterra o desespero, por enquanto
As lágrimas invejosas, as feridas nos joelhos
O cheiro abarrotado de milagres natimortos
A revanche uma substância sólida e líquida
Completude e embriaguez, nomes e fonemas
Testemunhos e punhais, anjos descem e ascendem
A pirotecnia de um evangelho escuso
Cor euro, o júbilo do pertencimento, avida dollars
A barganha e a negação imaterial, em altares
Primazia incompleta, a servil venda de dedos
Deriva robusta teatralidade dos atos
E inconfundível fala, endossar a sentença
O corpo vem necrosando pouco a pouco
Tomando cada célula, uma revolta contra a cabeça
A ordem dada, é reinterpretada, assimilada
Por outras figuras tardias, ditando corrupção e vingança...