El-qanna

Os justos me conhecem e me escutam

Os falsos, ouvem meu silêncio

E deslumbram-se em seus delírios

Pois não conseguem conceber que eu os neguei

Eu não exumei cadáveres e compartilhei

Sua carne dissolvida com mercadores variados

Eu não deturpei cada vão acontecimento

E não espalhei pânico e apontei pandemônios

O noivo se apresenta, cobiça

Todos o conhecem, todos o querem

Moedas, invenções, fantasias, assombrações

A carapuça que veste caputs minguados

Cortem-lhe a cabeça, despoluam o corpo

Preserve o que tiveres que preservar

A infecção generalizada afeta a locomoção

Teu equilíbrio irrompe-se, os avisos estão claros

A promessa aterra o desespero, por enquanto

As lágrimas invejosas, as feridas nos joelhos

O cheiro abarrotado de milagres natimortos

A revanche uma substância sólida e líquida

Completude e embriaguez, nomes e fonemas

Testemunhos e punhais, anjos descem e ascendem

A pirotecnia de um evangelho escuso

Cor euro, o júbilo do pertencimento, avida dollars

A barganha e a negação imaterial, em altares

Primazia incompleta, a servil venda de dedos

Deriva robusta teatralidade dos atos

E inconfundível fala, endossar a sentença

O corpo vem necrosando pouco a pouco

Tomando cada célula, uma revolta contra a cabeça

A ordem dada, é reinterpretada, assimilada

Por outras figuras tardias, ditando corrupção e vingança...

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 08/04/2022
Código do texto: T7490915
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