O TEMPO
Todo mundo quer matar o tempo
Este bicho arisco que nos arranha
Mas com o tempo a gente aprende
Que só é feliz quem tem a manha.
O tempo te esbofeteia bem no rosto
Com a suavidade de uma leve brisa
Ou ele te fere no meio do descanso
Com a hora que diante de ti desliza.
Todo mundo morre com o tempo
Ele nunca é acusado de assassino
Pois o tempo, tão feroz, tão voraz
Sorri para ti como se fosse menino.
Ninguém adestra o tempo rugindo
Ninguém o prende em uma gaiola
O tempo é livre, passeia pelas eras
A felicidade com a pressa se embola.
A ampulheta, o ponteiro e os dígitos
São garras do tempo, este bicho-fera
E o meu poema apenas mero registro
Do fragmento do tempo que me resta.