A SINFONIA DO VENTO ( O vento, a solidão e a música )

Antes

Era o vento que soprava

Seus sussurros em ré maior

Numa canção longínqua.

Por vezes repetidas

Esta canção me dessedentava

Tal como quem buscava o ápice

Desta sinfonia inusitada.

Quisera eu que a música nunca parasse

Quisera eu que as notas musicais matassem

A solidão feroz que ardia em meu peito

Esta loba descabida...

Que buscava entre as rochas

Sua refeição

De ovelha desgarrada e ferida.

Agora

O vento de outrora me persegue ainda

Como se fosse um velho fantasma camarada

Que insisto em manter trancafiado

Num mausoléu em meu armário.

A música?

... a música ainda toca

Porém em um ritmo desconexo

Sua harmonia inaudita que muito mais me parece

Um solilóquio desentoado.

Mas eu não me abalo!

Preciso ser submisso para sucumbir a este vento indomado

Este vento que insiste em espalhar seus acordes dissonantes

Pelo que ainda me resta em vida.

Depois que a solidão desatracou

Deste cais de vida enfado

Aquilo que arde agora já não é mais importante

Do que o favor de outrora

Nem dos marcos do passado

Já não sou eu quem decido

Nem os meus pés vacilantes

Mas o juiz que dá a sentença

Nesta bendita hora marcante é o mesmo que me absolve

Me encerrando neste instante.

O vento que ontem soprava

É o mesmo que hoje ruge

E na música que ele trás consigo já não me reconheço mais...

Mas não importa porque o que eu precisava

E a muito tempo buscava

Já não faz muita diferença.

Hoje procuro em meus rastros

Tudo aquilo que perdi

Frases presas no limbo impregnado

Em momentos de apnéia enclausurados

Mas tudo bem

Desde que o vento harmonicamente cante

E a solidão em alcatéias já não mais me encante

Tudo bem

Se as mudanças que gozo ou que sofro

Me sejam ditadas pelo vento

Meu aliado

Fiel companheiro

Com quem caminho lado a lado!

13 de abril de 2008, 16:13hs

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Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 15/03/2022
Reeditado em 21/04/2022
Código do texto: T7473584
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