Desamparo
Hoje, quando olho meu caminho!
Quando penso no que fiz, nos momentos incertos.
Quando sinto que fugi, lutei, perdi, nessa luta desigual!
Nada me faz tão triste, ninguém me é tão só!
Hoje, ainda absorto em minhas tristezas,
sem planos, desolado, nessa caminhada
Fujo e fugirei de todos! Não por mim,
mas por aqueles que não compreendo.
Mesmo sentindo-me desamparado nessa luta!
Busco sonhos, paixões, comunhão, centelhas,
aconchegos nesses dias incertos, destoantes.
Nesses dias de desencanto e solidão palpável.
Vou caminhando novamente só, entre sonhos.
No meu interior, uma convulsão de sentimentos,
agoniza nessas horas ermas, nesta noite escura.
Novas estradas, novas combustões ressurgem.
Hoje, despeço-me dessa vida de amarguras,
desses dias de águas turvas, dessas amarras.
Buscarei novas estradas, menos sinuosas,
Novos amores desmedidos, novas carícias.
Parto entre despojos, no ocaso dessa tarde fria.
Hoje, já não sei esquecer essa melancolia atroz,
advindo dessa paisagem amorfa, num deserto imaginário.
Pálidas lembranças vagam por aí, nesse descompasso.
Hoje ficou tarde demais para novos amores.
Tarde demais para novas paixões, novas moradias.
Entre o tempo das combustões, das paixões,
só recordações e melancolia nessa reticente primavera.