Derradeiro Cálice
Vou me vestir de agonia
Calçar o luto
Eis a decrépita fantasia
O derradeiro reduto
Chegada a hora do tributo
Bebi sozinho a bebida do cálice
Imensurável ilusão
Na vida tudo óbice
Na morte, enfim, devoluto delusão
Uma alma perdida em oração.
Não derrame por mim seu pranto
Não pedirei perdão pelo que fiz
Nem me olhe com espanto
Tive intenção de ser feliz
Carreguei as mágoas, fui infeliz.
Precisava tanto, tanto de um beijo.
Juntando meus cacos retornei
Ao passado que me perdi quando a procurava.
E nada faz sentido, sem razão.
Tudo é sonho, ilusão
Tudo é morte, solidão!