COQUETEL MOLOTOV

Não há festa,

embriago-me

de mesquinhez.

Toda guerra mata.

Não há guerra fria,

todas elas

tem gosto de sangue

e corações

que param de bater.

Sangue… sangue quente

que escorre à sangue frio.

Há um desejo

de sobrevivência,

cheiro de vingança

e ódio.

Há um excesso

de saudade e adeus,

e escassez de abraços.

Um querer partir

e um grito para ficar.

Sempre haverá

uma impossibilidade

ou um amanhã com paz

e um blindado

a esmagar-me

pelo caminho.

Sangue… sangue quente

que escorre à sangue frio.

Uma pedra

que tropeço e caio;

uma rosa que teima

em nascer no asfalto.

Queria mesmo

era morrer de alegria

nesse carnaval.