O SINO
Sou amigo, sou amigo !
Temo termo assassino,
Nasci de chumbo quente.
Do alto de meu abrigo
Teço loas ao céu e hinos,
Minha vida é inteligente;
Soo avisos de graças e missas,
Anuncio nascimentos e mortes,
Faço alarde nos cataclismos,
Sempre arauto por premissa.
Brado destemido, sou o forte,
Venço enleios, perco em sismos.
Anuncio vinda de fortes ventos,
Badalo as horas, as conquistas,
Quando digo dim-dom -dein...
Único homem do convento,
Em terremotos, sem que me assistas,
Ouso protestar, blein, blein, blein ...
Na praça mais central do lugarejo
Faço companhia aos passarinhos
E guardo segredos vivos da praça:
Como, quando e quantos beijos...
Até vejo pairar alguns anjinhos
E badalo contente a vida passa.