Palavras repetidas,
sob mesma emoção,
acabam por seguirem em vão,
no vão do nada
onde nada preenche.
Entre o frio e o quente
mudam-se nomes e datas, apenas,
Helenas de Atenas,
do Chico e Boal.
Sonhos, cavalos alados,
prazeres, sol e luar.
Dia, noite, colo, gozo.
Pouco criativo, talvez,
mas a bola da vez.
Calor, paixão, canção,
gemidos e sussurros.
"Arde sem se ver", diria Camões.
"Fui teu, foste minha". O que mais, Neruda?
"Amar não é aceitar tudo", Vladimir,
nem todo amor é vagabundo,
há os que querem viver
em cada vão momento, Vinícius,
e os que "ardem sem se ver",
ardendo nas chamas de Camões.
Morre o poema ficando sujo.
Bela,bela, mais que bela,
mas como era o nome dela?
"Perdeu-se na carne fria,
perdeu-se na confusão
de tanta noite e tanto dia.
mas como era o nome dela, Gullar?
Ah, não sei não!