Mas do mesmo só
Doeu
Mas me ensinou
O canto sozinho na hora do Recreio e no colo as migalhas de centeio
A dor dos golpes no corpo inteiro
O silêncio em casa a extensão do meio
O pai já meio reduzido a um só cheiro e as marcas no rosto dela disfarçadas por um sorriso e no partir do cabelo
A falta de alguém pra caçar gravetos
A tristeza dos aniversários sempre mais do mesmo só
As latas de cerveja pela casa e os cigarros no ralo do banheiro
As lágrimas soluçantes embaixo do chuveiro
E as noites encharcando os travesseiros
Consolado apenas pelo colo da velha de olhar leitoso que dizia que acabaria meu desconsolo
O tempo passou devagarinho
Sozinho
Com um ou outro mimo dos vizinhos
Marcou
Estilhaçou
Doeu
Mas me ensinou
A ser quem sou