Aconchego
Abandono-me ao enleio do teu doce perfil.
Meus pensamentos voam livres como os pássaros,
em seus voos em ritmos, ao vento, entre nuvens.
Teu corpo se alinha, acomodando-se inerte, nessa tarde,
tarde de calmaria, nessa suave brisa de domingo.
Meus olhos já não enxergam o jardim dessa casa...
Tudo se transformou nesses enlaces e desalinhos.
No aconchego desse quarto, permaneço entorpecido.
Destituído do meu ser, possuído por seu corpo, nessa alvura.
Custa-me acordar desse marasmo, dessa languidez.
Vem a lua refletir nossos corpos desnudos entre fronhas.
Entre sonhos, minhas amarras continuam presas ao teu enlevo.
Assim permaneço! Que venha a madrugada fria despertar-me.
Despertar-me dessas carícias de amantes entre beijos nesse abandono!
Que venham todas as entregas, que teu corpo me oferta,
nesse resplandecer de fogo e mel, nesse turbilhão de beijos,
na musicalidade do teu corpo trêmulo, me entrego.
Quero permanecer no aconchego que teu amor me oferta,
abandonando-me nessa cilada do teu corpo, entre ternuras.
Desejo despojar-me dos meus medos ao teu convívio.
Quero amanhecer muitas vezes, nesses abandonos...