REFLEXÕES EXISTENCIAIS EM POESIA
Eu me deparei com o absurdo
Em muitas situações da vida.
Há valores que se reduziram a nada
E há ilusões que para mim
Mostraram a sua sombra inglória,
A sua sombra outrora escondida
Numa superfície brilhante de verossimilhança.
O meu mundo em muitos momentos
Ficou repleto de nada...
A partir daí, trilhei outros caminhos
Com a felicidade de saber
Que do não-ser
Podesse porventura brotar
Uma límpida fonte de ser.
Pois sempre deixei em aberto o (im)possível
Ou até mesmo o quase improvável
Para embaralhar a lógica das fatalidades...
Muito do que era outrora fascinante,
Hoje se revelou opaco e sem razão de ser.
Numa angustiante jornada,
Eu consegui descortinar no meu coração
O nonsense atrás das cortinas desse palco
De tantas incongruências,
Inconsistências e frivolidades.
Foi na dor que eu descobri o que é a vida!
Foi no vazio que eu lancei um olhar
Para a fonte da plenitude,
Da caridade e da beleza!
Mas, afinal, o que pode significar
Para os homens de nosso tempo
Tais palavras que soam
Tão doces, utopicas e vibrantes?
Apesar do horror que se concentra
Por trás de tantas fachadas,
Vejo que para além disso
Existem as estrelas do céu
Que encantam o nosso olhar;
Ou os verdes das vegetações
Que abrigam a manifestação
De toda forma de ser e de toda diversidade;
Ou ainda o pranto sincero
De quem suspira pela verdade,
Pela justiça e pela transcendência.
Apesar da constatação de tantos abismos
E da evidência
Do absurdo de muitas coisas,
Ainda existe o amor que tudo move.
Será ele a nossa redenção
Em meio ao enorme caos da vida moderna?
Ele sempre será a indagação
Para todos os corações que amam
O ouro mais fino da sabedoria.