A ascensão de Marte *
Por muito que o queira
O que sonho é sempre deixado de parte
Porque os senhores preferem
Uma gloriosa guerra perdida
A uma paz
Demasiado tranquila
A este comportamento dei o nome de
A ascensão de Marte
Porque adoram o cheiro a pólvora
Logo ao amanhecer
Vã glória de nada
A que chamam “vencer”
Cheiro a medo
Porque o que cheiro é carne a derreter
A carne dos derrotados
A carne dos conquistadores
Mas nunca
Jamais a carne dos generais
Ou dos senhores por eles comandados
É a carne dos peões
E jamais dos reis
Neste jogo de xadrez viciado
Porque os dados irão cair sempre para o mesmo lado
Porque se pensa não numa criança
Numa mulher
E muito menos num homem
A ser sacrificado
Pensa-se apenas nos recursos
De mais um território conquistado
Sim, porque o lubrificante
Que mantem viva a nossa civilização
Desde os começos do tempo
E até ao tempo se esgotar
Somos nós:
É o sangue dos servos
O sangue da humanidade
Por isso por muito que tentemos
É impossível resistir
À ascensão de Marte
*Marte: Deus da guerra romano