QUERO FALAR COMO ESCREVO

dar-me ao mundo na voz

como torná-lo concreto?

ao vozear o som me foge

pareço mudo incompleto

pois se digo uma palavra

sempre morre pelo meio

ter glossário como lavra

seria bom pra meu enleio

ouço até o timbre do vento

nada me escapa ao redor

sou ouvinte a todo tempo

mas no silêncio sou cantor

domino pautas, atinjo notas

surreais para um maestro

estou pouco aí se te importas

sou um estrelato cá dentro

vibro ao som do meu piano

que melodiam vidas vividas

no caderno sou um indiano

as dores todas são sentidas

quando me fecho sou retórico

pois no interior busco fascínio

embora me exiba sem público

palestro como orador exímio

meu amor consigo exprimir

com a voz da minha caneta

profiro encantos de se ouvir

na boca dum venerado poeta

inquieto a alma com danças

que as emoções coreografam

pensamentos parecem lanças

que meus sentimentos lançam

quero falar como escrevo

não em busca de holofotes

porque a vida que eu levo

já é uma luz sem cortes

portanto a fala muito preciso

apenas para eu sair de mim

adentrado já não improviso

penso que a vida não é assim.

Educético
Enviado por Educético em 03/02/2022
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