Incertezas
O que se dizer do futuro incerto que bate na porta, dos sonhos que não deram certo, do amor que se transformou tanto e tanto que perdeu a forma?
O que dizer desse silêncio no quarto , da incerteza se Deus está no meio dele, do medo de no final das contas você tenha pagado tão caro por uma mera ilusão?
Se a verdade nos liberta e se liberdade é coisa boa , por que quase sempre ela vem como um canhão abrindo uma cratera no peito?
O que me prende aqui, está fazendo do ambiente seguro ou uma prisão?
Se eu olhar para trás, o que eu vejo é espiritualidade ou religião?
Eu vejo força e determinação em fazer dar certo ou só vejo uma estúpida tentativa de concerto algo que não tem jeito?
Se você sentasse comigo ao menos alguns minutos, me desse as respostas que eu tanto preciso ouvir , eu poderia acalmar meu coração intempestivo, mas no auge da minha angústia nem sequer uma palavra ecoou, eu não pude perceber nenhum movimento de amor.
Eu sou só uma filha ingrata, ou de fato a filha indesejada que você não suporta ouvir?
Eu olho no espelho e não me reconheço, porque para cumprir o protocolo eu tive que me anular tantas vezes que eu perdi a essência no processo. Sentar aqui agora e perceber o quanto foi inútil e tão revoltante quanto triste, porque se algo de bom na persistência existe, por que me foi negado o direito de ver?
Eu nunca tive medo da dor, mas sempre detestei a injustiça, porque por mais que a gente se prepare para essas coisas, nunca estamos prontos.