Manivela poética
Minha força se equilibra
por cima das prateleiras.
Vale mais do que muitas coleiras
Vale menos do que muita libra.
As vezes, mas só as vezes,
Eu queria que os nossos meses
fossem de descanso.
Onde eu escolheria a hora que me canso
e fugiria do tédio, procurando fregueses!
Mas o mundo
paleta de cores, roleta de continentes
torna-me o trabalho penitente
e a cédula sem fundo.
Minha força é arcada? Um otário? Só coração?
Ou é uma bomba hidráulica?
É força aplicada? Um escapulário? Só ação?
Ou é uma sombra áulica?
Aulas de poeticidade
e jaulas de uma poética cidade
que completa a visão
com incompletas verdades.
Eu sou uma canção.
Talvez, poeticamente, repetida
misturada a centenas das mesmas frases-problema
filho da maníaca e poética escansão.
Ou será ex-canção?
E como se acaba um poema?
Tal como se acaba com vida...
Assim mesmo! Sem estrofe colorida!
Sem rosto e sem coração.