Melancolia
Sofro de uma melancolia
que me acomete
sem razão ou hora.
São os detalhes,
como gatilhos,
que disparam a tristeza
que atinge, certeira,
o coração.
Meu remédio é escrever,
expurgar as dores
com todas as letras.
O paliativo me recompõe,
por enquanto.
Sinto-me anacrônico,
deslocado do corpo,
como se minha alma
fosse uma intrusa
à procura de sentido
para a existência.
Isolo-me na intenção
de uma reconexão.
É quando a dor atinge
a quase insuportabilidade
e recorro ao conforto do paliativo
novamente.
A pressão dos dedos na caneta
e as palavras surgindo
nas folhas virgens,
aos poucos,
devolve-me a conexão perdida
com essa suposta realidade,
onde nos querem vivos
mas testam impiedosamente
nossa morte!
Enquanto isso,
prefiro as páginas de meus cadernos,
onde deixo as migalhas
que me trazem de volta
para os braços
do único sentido
que minha alma
conseguiu encontrar.