Ode a Mayakovisk
Há uma pergunta do século xx
que está sem resposta.
Quando um poeta genial se mata,
As palavras morrem com ele?
Elas também se calam?
Sendo a poesia a fonte inesgotável de beleza,
não deveria ela acolher em seu colo
aquele que ingenuamente se precipitou?
Por que, Poeta, não fostes com a tua amada
dançar um tango às margens do mediterrâneo
e delirar num acorde à espera do amanhecer?
Por que se findar no último desejo?
Esquece que os poetas sobrevivem, se eternizam,
enquanto fertilizam os jardins das nossas ilusões?!
Iluminam as avenidas que cruzam pessoas...
Ah poeta!
Vê-lo desatar o cordão e derramar-se
entre as fronteiras dos destinos.
Despir de si mesmo num adeus silencioso,
Num poema monossilábico e interrogativo;
E saber que a vida se descortina em segredo.
Se insondáveis são os pergaminhos que traçam trajetórias,
O que dirá a história se aqui tua alma criou raízes?