Decanto meu ser
No meio da noite
escura,
ouço baixinho
canções,
lindas canções
invadem minh'alma
sofrida,
encarcerada,
encharcam-na
de beleza,
penetram-me fundo,
me possuem.
Decanto meu ser...
Ah! como queria
ser possuída
esta noite
pelo Amor
que não houve,
pelo sentimento
perdido,
pela carícia
não dada...
Decanto meu ser ...
No meio da noite
escura,
entremeada de silêncios,
ouço a suavidade
das canções,
enchem-me os ouvidos
de paz,
de uma paz que almejo
que só retenho
por poucos segundos,
paz que me escapa
entre as lágrimas
em que finjo ser eu,
compositora de uma vida
que não é minha...
Decanto meu ser...
Ah! se essa noite escura
me trouxesse,
em meio às estrelas
brilhantes,
uma luz
pequena,
ínfima luz
a iluminar meu breu,
a trazer o belo e o bom
de volta,
a me fazer
sentir novamente
o Amor
que anda
perdido
por aí...
Decanto meu ser...
A música toca,
meu coração ressoa,
entoa...
como se cantasse,
mas canta é de tristeza,
uma dor doída,
sentida,
no meio da noite
triste.
Decanto meu ser...
Se a vida fosse uma canção,
eu saberia
a nota exata
e não precisaria procurar
o que não encontro mais
em mim
ou no silêncio
dessa noite escura.
Decanto meu ser...
(Em base a uma leitura que fiz)