Decanto meu ser

No meio da noite

escura,

ouço baixinho

canções,

lindas canções

invadem minh'alma

sofrida,

encarcerada,

encharcam-na

de beleza,

penetram-me fundo,

me possuem.

Decanto meu ser...

Ah! como queria

ser possuída

esta noite

pelo Amor

que não houve,

pelo sentimento

perdido,

pela carícia

não dada...

Decanto meu ser ...

No meio da noite

escura,

entremeada de silêncios,

ouço a suavidade

das canções,

enchem-me os ouvidos

de paz,

de uma paz que almejo

que só retenho

por poucos segundos,

paz que me escapa

entre as lágrimas

em que finjo ser eu,

compositora de uma vida

que não é minha...

Decanto meu ser...

Ah! se essa noite escura

me trouxesse,

em meio às estrelas

brilhantes,

uma luz

pequena,

ínfima luz

a iluminar meu breu,

a trazer o belo e o bom

de volta,

a me fazer

sentir novamente

o Amor

que anda

perdido

por aí...

Decanto meu ser...

A música toca,

meu coração ressoa,

entoa...

como se cantasse,

mas canta é de tristeza,

uma dor doída,

sentida,

no meio da noite

triste.

Decanto meu ser...

Se a vida fosse uma canção,

eu saberia

a nota exata

e não precisaria procurar

o que não encontro mais

em mim

ou no silêncio

dessa noite escura.

Decanto meu ser...

(Em base a uma leitura que fiz)

Orvalho do Céu
Enviado por Orvalho do Céu em 17/01/2022
Código do texto: T7431386
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