Existência

Quando a noite caía,

silenciosa e lenta, essa noite cálida!

Aconchegava-me nesse quarto escuro,

entre penumbras e desalentos, nessa ausência.

Todas as coisas assumiam contornos,

surgindo a esmo entre os lençóis destoantes.

Sentia medo no escuro, nessa noite fria.

Pragmático corriam meus pensamentos,

buscando um refúgio nos seus braços,

mas a noite era plena entre gemidos,

total, em cada canto nesse alento.

Percebia que cada gesto era inútil.

desproporcional entre tormentas e desejos.

Toda fuga era impossível e pressentida.

Restava-me apenas a luz artificial,

em qualquer canto, se insinuando,

entre meneios, entre sonhos,

nessa noite de incertezas, enlaçando-me.

Não, não pretendo falar dos meus medos,

ainda que me sufoque tanta angústia,

nutrindo tanto desamparo nessa erosão,

impingindo-me tortura teimosamente, nessa partida.

Ficou essa existência de olhares inseguros,

contaminado pelas estórias inventadas,

na composição desses espaços de incerteza,

emulando essa minha vida insípida, destoante.

JTNery
Enviado por JTNery em 17/01/2022
Reeditado em 17/01/2022
Código do texto: T7431068
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