INSONÂMBULA
Os tempos estão correndo
Em todos os pântanos
Cidades
E oceanos
Mas na minha mente
O tempo fez uma inversão.
Eu não durmo quando quero
Escrevo quando quero
Estudo quando quero
Banho quando quero
Beijo quando quero
O tempo dilacerou
Em mil ou mais pedacinhos
O meu próprio tempo
Quem me comanda?
É o meu cérebro!
E quem o comanda?
Eu não sei...
Estou reclusa
Em minha própria casa
Trancada no universo
Na imensidão
E no nada
E eu não durmo
Meus olhos estão fechados
Para a grandeza
E abertos para a pequenez
Da ganância humana
E o tempo não para para eles
Nem mesmo para os planetas
Eles vão morrer
E eu também...
Estou com frio
Frio no âmago
Que insônia!
É o frio soprando nos ossos
Nos ossos jovens
Que um dia estarão trancafiados
Mais reclusos do que eu
Em um caixote a sete palmos
Eu não quero sentir essa reclusão
Eu quero dormir
E sonhar que é dia de praia
Não tem praia aqui
Mas o horizonte da praia é vasto
Eu gosto de imaginar a vastidão
Mas eu sou humana
Portanto não enxergo o que é infinito
Para mim tudo tem fim
Menos a insônia.