Agora? Agora devemos gritar.
Esses últimos dias eu estive me questionando. O que meus textos podem acrescentar ou edificar algo em alguém?
Poderia por acaso um grito criar crepúsculo? Poderia por acaso um grito fazer mais além de ser escutado?
Talvez, a verdade, sim, a tão temida verdade é que escrevo a vós não para construir ou para levantar alicerces, mas sim por necessidade e sobrevivência.
Caso não fosse assim, não haveria necessidade de entendimento e compreensão. Compreensão de nuvem carregada; compreensão de aguaceiro descontrolado que clama, sim, clamamos por compreensão e entendimento.
Mas por acaso, há alguém que vá entender os motivos de um furacão ser?
Mas por acaso, há alguém que não vá apagar o fogo de um incêndio natural?
Vos pergunto, se pudessem, beberiam do copo de entendimento? beberiam essa luz líquida para tirar o gosto agridoce e mal temperado de meus gritos escritos?
Mas, se não há nada além de grito, se, se não se não se não, não há nada além de clamor; acho que o que me resta
é guardar esse momento, guardar esse momento bem aqui.
E seguir em frente, agora, talvez, apenas talvez, seja o ponto mais escuro da noite, ou talvez, eu esteja prestes a raiar no horizonte.
talvez, se amanhã o sol ainda raiar para mim.
Vai ser hora de me levantar.
e viver, sem hesitar.