Criança sempre
Há uma criança em mim, e sou eu esta criança.
Esse mim é que não sou eu.
Esse mim é o ele que os outros apontam
De mim.
Sou esta criança nesse ele que falam que sou.
E não veem a criança porque ela não age.
Olho criança, penso criança,
Escrevo (quando sem destinatário) criança.
Sou criança, mas só cá dentro.
Sou adulto por circunstância;
No falar com a sociedade,
No agir.
Sou adulto só nos atos.
Sou adulto só no fato;
Olhos a dentro sou eu mesmo,
Toda minha impressão, criança.
Adulto só no expresso.
Com os outros sou adulto,
Para me entenderem.
Comigo sou criança, naturalmente, para viver.
Sou criança que só brinca em casa,
Quando saio visto adulto.
(Somos todos assim, ou só eu que me sepulto?)