"Homens!?"

(Me diz) Se homem é tudo igual,

Porque estou abaixo no degrau?

E não sou tratado como Jared Leto?

Morre-se por orientação, gênero.

Mas não há ciclo mais efêmero...

Que o do indivíduo preto.

Mas no jardim das flores de plástico,

Exigem: "Cravo, seja empático...

Compreensível, humano!".

Pela "Mão Branca" do seu capanga,

Constantemente a gente sangra…

Ninguém seca, "Passa o pano"?

Acho que somos os únicos sem trauma

Talvez também sem alma…

Tipo um boneco vodu que nada sente.

Também fui macaco dessa fauna,

Querer casar com Luma e Salma…

Não foi uma escolha consciente

Sem autoestima no pico Aconcágua,

Muito complexo e muita mágoa…

Sei bem o que é ser preterido.

Também vesti aquela maldita carapuça,

Fui o "neguinho da canela russa"...

Não o popular, o mais querido.

Anastácia, calada na cozinha,

Engrossando o coro da sinhazinha:

Chama os seus de "Macho escroto!".

Muito "duro", muito "duro" se trabalha,

"Na cama nunca deixe falha!"...

Não tive o direito de ser garoto.

Querem o instinto animalesco,

logo após: "Não chore seu fresco!"...

Ou: "Um negão desses, viado?"

Se fui criado por mãe solo,

Se não tive pai pra me dar colo…

De quem herdei esse tal patriarcado?

Junto ao seu pai, irmão e filho,

Estou na mira, e o gatilho…

Está no dedo do mesmo algoz.

Baronesa e Barão de Araruna,

Pôs o outro contra uma...

Matou avôs, estuprou avós.